Deus me fez e
morreu no parto
saí de barro ressecado
repleto de luz
anjo enlutado
morreu o céu
como morrem aves
no sol meu barro
rachado revelou
meu eu bastardo
que se apossou
da minha alma
e a fundiu com
o pecado
tenho frestas pelo
corpo,
onde os homens entram
choram e gozam
eles nas
minhas falhas
cospem, lambem
engolem, molham
e lamentam minhas
falhas,
ah, menina! porque
falhas?
sou terra e
me degrado
com cada sopro
tornado
morto
meu reino
decaído, onde
não reino
mais
seu rei, meu pai
morreu amigo
a míngua
morro
de um frade
tolo, corro
o último santo
enterrou Deus
no meu canto
podre, fede
com divina grosseria
incesto e necrofilia
e me taco no talco
negro do tabaco
pra aliviar minha
sina com baco
destruo a trina
o templo e o
caco ponho num
saco
há de existir em
Roma algum buraco, que
revenda um naco
ensanguentado
da carne ou
gota do sangue
de cristo de
fato... há um buraco.
alheios as minhas
atividades paralelas
e ao meu santo
comércio de artigos
raros
riem comigo de
mim nas calçadas
nas camas, nas
rampas, nas moitas
molhadas de orvalho
e suor
gente que cheira
a gente
uns com letras
outros números
de cor
gente que aflora e
que canta, recita e
levanta um vestido
sem dó
e tem quem me olhe
os olhos e diga
que olhos os teus,
tão secos
ateus
digo quase com medo
quê isso minha gente
sou filha de Deus!
segunda-feira, 7 de junho de 2010
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