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Porto Velho, Rondônia, Brazil
de repente sem ruído as unhas crescem os ossos esticam os dentes nascem o cabelo escurece os olhos aguçados a boca o peito o abdômen imutável a tumba confortável a tumba confortável a tumba só confortável só a tumba confortável

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ele não mentiu.

Para Carlos Moreira... Quando eu o lí.


Na madrugada pensando em dormir
resolvi burocratizar a poesia
Como um verso bíblico que se lê todo dia
Queria como um Salmo ouvir
mas senti as linhas em mim...
Não brinco, todas as sensações estavam lá,
escondidas,
Do êxtase, do "nada", da dor das feridas
Todas bizarras, disfarçadas,
intrometidas
Eu juro que as senti!
O poeta não mentiu...
Mentiu talvez pra ele,
Mas não mentiu pra mim...

sábado, 28 de novembro de 2009

Memórias

Eu sou uma contradição
E foge a minha mão
Fazer com que tudo que eu digo
Faça algum sentido.

Memórias - Pitty

Engano seu...

Na verdade... Eu te engano ao me enganar.
Hoje vamos sair e tenho absoluta certeza que não vou voltar...
Tenho certeza que vou me arrepender por negar tudo e me entregar outra vez.
Absoluta certeza.
Mas ganhei um ponto
!
Ganhei um ponto que não sei usar
!
Mas ganhei um ponto
!

sábado, 21 de novembro de 2009

"A Árvore da Serra"

-As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

-Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs alma nos cedros... No junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha'alma!

- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraço com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

Augusto dos Anjos




*Eu pretendia comentar este poema, porém ao lê-lo novamente notei que não conseguiria, pois é grande, grande além das linhas, grande além de mim. Este poema é dominante e eu simplesmente me rendi...

sábado, 14 de novembro de 2009

Inversão

Quando a gota lhe parecer oceano
se torne poesia,
pois assim se transforma
dor em nostalgia
Quando o Oceano lhe parecer gota
se torne poesia,
pois só assim se transforma
tempestade em monotonia

Desconexicia

Quando tudo é mentira!
Quando nada é confortável.
Vira-se para um lado e não consegue respirar,
Vira-se para outro e afoga-se em urina.
A mentira... Tão cruel
Tira seus sonhos e te joga no calabouço da realidade,
no triste porão da amargura,
e ela é tão doce que fascina as formiggas,
elas a seguem em fila até encontrarem a escaldante
água do inferno que desce e as encolhe,
as reduz, viram nada!
Mas a mentira lhes conforta,
com nuvens e cânticos celestiais
Ruas e fechaduras em ouro maciço,
a mentira conforta a todos!
Agarremo-nos a ela com vontade,
ou fiquemos soltos no infernal paraíso da verdade...
Não ter opção é mentira.

A poesia do desgosto

Gostaria de escrever a poesia do desgosto,
do choro na garganta,
Do rubror no rosto,
Mas poesia triste nunca nos
deixa satisfeitos,
e ao descrever o ódio nunca se descreve direito,
Falta a última cartada,
A palavra de efeito,
falta a última perversão,
falta a estaca ou a cruz para enterrar-se em um pulmão...
Poesia angustiada não lhe deixa terminar
Pois esta arte é sublime
E o que é por ela exaltado
Sublime sempre será...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Poesia calada

Sabes qual é o medo da poetisa?
Que a primavera passe,
Que a brisa não a toque,
Que o frio não a envolva,
O medo da poetisa é a ocupação...
Ela não teme o erro, teme a displicência...

O medo confunde,
agarra os galhos e não os solta mais
Arranca as folhas e as põe em caixas...

É como não poder mergulhar.
O enorme muro se enfeita
Musgos verdes como o céu
Tão verdes quanto o céu...
Tão vivos quanto eu...

Não fale sobre isso!
O beijo que emudece,
A boca que fala,
A boca que cala...
A boca que inala...
A boca que cala!
A boca que rí,
A boca que cala!

A boca que fala, mas cala,
A boca que cala, mas fala!
O calar da boca quieta se irriquieta,
O calor da boca fria não esquenta...

A boca que fala morre,
A boca que cala ressuscita.

domingo, 8 de novembro de 2009

Toda a poesia do mundo

Se eu pudesse, guardava toda a poesia do mundo dentro de mim e cada palavra sentida tatuaria no meu corpo.
Eu poderia ser um livro, eu estaria feliz...
Mas eu não sou um livro.
Que pena.

A poesia vai se perder no segundo em que eu a ler...
Que pena que não sou um livro...

sábado, 7 de novembro de 2009

Quero ser professora...

A mentira é uma luz,
Que deixa na sombra o pus,
A poesia é beijoqueira,
e como Judas traiçoeira,
Freud, maldito, tirou minha ilusão,
Eu achei que era amor
e na verdade era tesão.


Quando eu crescer quero ser professora,
vão cantar pra mim a musiquinha da vassoura:
"Lá vem a diretora com o cabo de vassoura pra bater na professora!"

Eu vou ensinar que B com A forma BA
e nunca vou me irritar,
Vou ficar sempre quieta
e o povo vai me amar...

Vou ter uma mesa só minha
E quero uma maçã bem em cima,
Mesmo que eu não possa comer,
Vai aumentar minha auto-estima

Na hora do recreio vou brincar
com as garotas,
elas vão limpar a sala e aprender
a dobrar roupa

Os meninos vão pro pátio,
brincar de luta,
Se algum vier chorando
vou encará-lo brava e muda,
Ele vai engolir o choro,
Não vai ter nenhum consolo

Vou educar como se deve,
Como todo bom cristão,
Quem se rebelar vai pra fogueira,
Mas receberá minha oração...