Nos meus sonhos
existe um orvalho
que não seca com o sol
qualquer um invade
meu sonho
monta sua banca
vende seu peixe
quebra o gelo
cozinha o peixe
e me dá de comer
no meu sonho
não mando eu
não me culpem
senhoras
os homens do meu
sonho
entram sem pedir
por mais que eu reze
antes de dormir
por favor senhores,
vou à igreja e
canto louvores
mas a noite
quando meu anjo
dorme
(com tanto sedativo
é pena que não morre)
eles me saem do
lábio
eles me fogem dos
olhos
eles se banham no
umbigo
ele amigo,
ele inimigo,
eles correm
nos meus dedos
eles caem nas
minhas coxas
eles me negam
beijo
me roubam as roupas
frouxas
eles me mordem o
queixo
e vão fazer outra coisa
no sonho sinto
tanta dor
por um segundo
apenas, só
que tropeço em
homens
que vêm sem
bula
em cada esquina
de contra-indicação
e minha chance
é nula
de achar algum
em caixa lacrada
e ficar por perto
além da outra
passada
aí me alucinei
com tanta cor
tanta luz
todos
eles meus...
uma lhama
bem longe
do mar
celo
pra sentir
o trote lento que
me traz a manhã
a montanha desço
com calma
pois em breve,
tudo clareará
e se acordo
com um sorriso
senhores, juro que
é só pra não chorar
nos meus sonhos
existe um orvalho
que não seca com
o sol
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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Um comentário:
Agradabilíssima surpresas!
Primeiro, descubro o nome de uma nova poetisa com versos agridoces das matas orvalhando sois de primaveras não floridas em solos amazônicos mundo afora.
Depois, esse estilo único de, querendo-sem-querer, deixar o verso escorrer por entre as frases cortadas com delicadeza literária da poética balbuciante do sussurro do vento nos buritis de tantas rondônias agredidas e desmatadas.
E assim eu te descubro para agasalhar-te sob as mantas de novos tempos que virão.
Expressivo poema o teu!
AVANTE!
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