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Porto Velho, Rondônia, Brazil
de repente sem ruído as unhas crescem os ossos esticam os dentes nascem o cabelo escurece os olhos aguçados a boca o peito o abdômen imutável a tumba confortável a tumba confortável a tumba só confortável só a tumba confortável

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

fui amor, fria

Passei um tempo tentando lutar com meu riso
e o coração mais agressivo
e a voz desafiadora
e os fios de esperança que minha
frieza congelou
eram seus
e pareciam romper
eu dizia:
_ Não sou fria!
e me ria, talvez possessa
Quando seus laços frágeis
retiraram da bagagem
todos aqueles documentos
e os deu, os deu outra vez
aquilo já não era meu
eu não os quis,
eram secundários
atestados, certidões
obituários, ofícios
notas, prontuários
registrados, assinados
autenticados
a marca era minha,
mas era a sua poesia
que você rasgava
eu fiquei inerte a sorrir
você se desfazendo das provas
dizia que eu tenho sorte
por não ser processada,
falsidade ideológica,
emoção adulterada,
mentiras, má fé...
tudo documentado
e a lama queimava toda a tinta
tornava a minha verdade
em mentira
mas meu sorriso ainda tilinta
ainda hoje brilha
e te irrita
e eu não posso
lembrar do gosto do teu beijo
[desespero bem dentro]
mas eternizei o maldito
daquele momento

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